Foto: Far Out / Julia Johnson
Elle Palmer, Far Out Magazine
Em 2013, uma música chamada ‘Take Me to Church’ tomou conta das ondas sonoras pelo mundo. Audiências ficaram encantadas pelo piano piedoso da música, pela letra devocional e pela voz do homem por trás dela. O homem era o cantor e compositor irlandês sofredor Andrew Hozier-Byrne, mais conhecido como Hozier. Uma década depois, sua voz continua presente nas rádios.
Hozier não é mais um músico sofredor agora. Ao invés de escrever da casa onde cresceu, agora ele toca em arenas e leva para casa prêmios por sua teatral abordagem pop. A abordagem literária de Hozier nas letras, assim como os instrumentais dramáticos que as acompanham, destacaram ele completamente no reino do mainstream pop, o fazendo conquistar a admiração de fãs devotos e de ouvintes casuais.
Suas letras emocionalmente carregadas passam por tudo, de religião à sexo à relacionamentos não saudáveis, suas palavras sempre dão a cada tópico a seriedade que merecem. Ele dominou a arte de transformar suas emoções em densos retratos sonoros, então faz sentido que em seus hábitos musicais ele também admire compositores que transformam seus sentimentos em música.
Durante uma conversa com a Shortlist, perguntaram ao escritor 'Take Me to Church’ qual é a sua música triste favorita. Ele escolheu um cover da lenda do jazz, Chet Baker, do clássico Hoagy Carmichael, 'I Get Along Without You Very Well (Except Sometimes)', traduzindo, 'Eu Fico Muito Bem Sem Você (Exceto Às Vezes)’, que ele sugeriu "capturar um certo nível de tristeza perfeitamente."
A tristeza que Hozier se refere ‘I Get Along Without You Very Well’ parece estar escondida entre um falso otimismo. "Eu fico muito bem sem você," começa a música, "Claro que eu fico. Menos quando a chuva cai suavemente." A letra continua dessa forma enquanto Baker canta sobre paisagens sonoras de jazz ligeiramente confusas e cintilantes.
A chuva lembra o cantor de estar nas mãos de seu ex amor, enquanto a primavera parece destinada a partir seu coração em dois. O nome e a risada de sua amante parecem segui-lo. E ainda assim, ele proclama que está "muito bem" sem ela. Mesmo quando ele chega perto de aceitar seu desntino, o sofrimento que ele tanto evita, ele recua mais uma vez.
"Que cara, que bobo sou eu de pensar que meu coração partido poderia enganar a lua", Baker canta, com seus vocais trazendo facilmente as emoções à vida, "“O que me espera, devo telefonar mais uma vez? Não, é melhor que eu siga meu tom.” Existe uma negação e um desânimo simultâneos na música, que foi exatamente o que fez Hozier se apaixonar por ela.
"Existe uma grande negação," ele entusiasmou, "A música inteira é sobre mentir para si mesmo e dizer que você está bem - e ele canta isso puramente.“ Baker certamente canta essa música imaculadamente. Seu estilo de vocal lento e ponderado traz o protagonista de relutante coração partido à vida perfeitamente.
Faz sentido que a escolha de Hozier de música triste seja ‘I Get Along Without You Very Well’. Assim como suas próprias letras, é uma música cheia de proezas literárias e intenções emocionais. A imagem da chuva suave e das folhas caindo, misturado com a emoção oculta mas potente, parece algo que poderia facilmente estar em uma música de Hozier.
Esperamos que o cantor irlandês seja o próximo de uma longa lista de artistas a fazer um cover da música melancólica.
Matéria original: https://faroutmagazine.co.uk/hozier-favourite-sad-song-of-all-time/
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